Academia Learn2Fly
The making of Web Summit 2016 Lisboa – Tecnologias emergentes à escala planetária
- 11 de Novembro, 2016
- Publicado por: Dulce Mourato
- Categoria: Blog Learn2Fly

Dulce Mourato
A receita para reunir em Portugal mais de 53 mil pessoas de 166 países, para falar de tecnologia de dia 7 a 10 de novembro, foi irlandesa e foi “um sucesso espectacular” na opinião da maioria dos intervenientes da Web Summit 2016. Este foi uma frase repetida vezes sem conta, ao mais alto nível na organização e no público, um entusiasmo contagiante ao longo desta maratona de bytes, liderada pelo organizador Paddy Cosgrave, completamente rendido a todos os encantos de Lisboa, elogiando sempre “o empenho, a dedicação, a hospitalidade e a competência das pessoas que os receberam”. De acordo com o organizador “as infraestruturas tecnológicas funcionaram muito bem” (excepto no dia zero, quando em palco perante os milhares de pessoas presentes no MEO Arena, a ligação falhou por erro na escolha do Service Provider, devido a nervos de primeira hora – confessou). As tecnologias made in Portugal, realmente cumpriram os objetivos dando o impulso para o crescimento real desta iniciativa, já se vislumbrando um potencial número de cerca de 80 mil pessoas na edição da WebSunnit 2017, de acordo com Paddy Cosgrave.
A Portugal Telecom (PT), em parceria com a Fundação AIP, o MEO Arena e todas as entidades governamentais envolvidas foi a responsável pela disponibilização da rede Wi-Fi 4G do MEO, pela edição e produção de conteúdos, assegurados pelo Portal SAPO (digital media partner) garantindo ainda a transmissão, em direto, na homepage e nas áreas Tecnologia e Web Summit, de conferências, em cinco palcos diferentes.
“Esta empresa deu cartas em termos de trabalho de equipa e de resolução de problemas, dando a conhecer a sua especialização na gestão de uma rede exigente de cobertura WiFi de alta densidade e alta disponibilidade, uma inovação que agradou à organização, a todos os presentes e ao Mundo”, salientou uma fonte da Portugal Telecom, no final do evento. Apesar de muito constrangimento de tráfego, a verdade é que “a rede aguentou firme, a exigência de mais de 150 mil dispositivos permanentemente ligados, que possibilitaram o download de uns impressionantes 20 Terabytes de dados (a quantidade de dados similar ao consumo médio de um utilizador em 30 anos)”, concretizou o mesmo responsável.
Quem fez mexer o palco de todas as tecnologias?
Dos 2500 voluntários, 1500 eram portugueses de todas as cidades do país e permitiram, que em cada local da conferência houvesse uma palavra amiga, um pedido de ajuda, de encaminhamento ou de simpatia imediatamente cumprido, para atenuar o cansaço de longas horas a apoiar os empreendedores na apresentação dos seus PITCH (apresentação curta e objetiva tendo vista a venda de produtos ou serviços ou a transmissão de ideias), garantindo o equipamento e o microfone para as questões do público nas Office hours e nas Mentor Hours.
De acordo com a Maria, uma das voluntárias questionada sobre o evento, “foi uma experiência a repetir e que permitiu falar com pessoas de todos os países presentes. Todos adoraram o café, a comida, a limpeza das instalações, a prontidão dos seguranças e dos polícias, sempre disponíveis para resolver qualquer incidente. Disseram-nos muitas vezes, que faziamos parte de um país que sabe mesmo organizar eventos grandiosos e receber as pessoas. Como estudante foi uma lição de vida e uma oportunidade para estar mais próxima do mercado de trabalho e, quem sabe, trocar os contactos para poder ir para outras paragens… O meu objetivo (apesar do cansaço) é voltar para o ano – já me inscrevi para a edição de 2017”, concretizou.
A grande vencedora do Pitch na Web Summit 2016, foi a Kubo Robot, uma empresa dinamarquesa, que usa um robô educacional para ensinar crianças em idade escolar a programar. Tudo começou com um projeto da autoria de Tommy Otzen e Daniel Friis Lindegaard, iniciado no Laboratório de Tecnologia Social da Universidade da Dinamarca do Sul, tendo como objetivo desenvolver novas formas de ensinar tecnologia às crianças mais jovens. “Agora é conquistar o mercado norte-americano já para a semana e usar o prémio de 100 mil euros, conquistado na Web Summit, no processo de produção do robô, querendo colocá-lo no mercado em 2017”, concretizou Tommy Otzen.
Digna de menção por diversos oradores foi a presença massiva das mulheres, que se especializaram nas tecnologias para inovar e para arriscar (42% dos presentes segundo dados da organização). “As mulheres trouxeram às conferências e à mostra de Start-ups uma diversidade, um colorido e uma atenção aos pormenores dificil de igualar”, uma conclusão da conferência sobre a diferença de género nas tecnologias, bastante animada pelos debates dos oradores e a intervenção entusiasta do público, dando a ideia, que há ainda muito caminho a percorrer neste assunto, falando-se inclusive da existência de quotas em termos de contratação tecnológica, para evitar a discriminação, pois apesar da constatação que mulheres e homens têm uma visão diferente na concretização dos objetivos de desenvolvimento de software e de aplicações e que muitas vezes “elas são a chave para que tudo funcione”, infelizmente nem todas as empresas contratam, preferindo os homens.
Em termos de financiamento, a primeira boa notícia foi anunciada por António Costa, o Primeiro Ministro português, no início dos trabalhos, que revelou estar em curso a disponibilização de um conjunto de investimentos em tecnologia, cerca de 200 milhões euros, uma ajuda do Estado para as empresas portuguesas, cada vez mais inovadoras e preparadas para avançarem no negócio e para enveredarem por novos caminhos. Carlos Moedas, comissário europeu com a pasta de inovação e investigação, trouxe também boas notícias, provenientes da Comissão Europeia, um investimento de 400 milhões de euros “para ajudar a criar e a escalar as Startups europeias e para impedir que “os unicórnios” (empresas avaliadas em mais de mil milhões de dólares) se transfiram da Europa para os Estados Unidos.
No final, todas as expectativas foram superadas e verbalizadas com orgulho nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, presente no encerramento do evento, que resolveu ainda lembrar que apesar de ali se ter vivido e respirado, o que mais tecnológico se pode encontrar em todo o planeta, há ainda um longo caminho a percorrer, para que a inclusão de todas as pessoas nas tecnologias seja uma realidade, pois há ainda quem não tenha acesso a estes progressos, mas que tem também o direito de beneficiar das suas repercussões e de poder experimentá-los.